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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Obama vs Romney: a incógnita



Se você esteve em coma ou em órbita nos ultimos meses, pode não saber o que está rolando nos Estados Unidos às vésperas da eleição para presidente. O dia de votação é a próxima terça-feira, 6 de novembro. Esta eleição promete ser uma das mais apertadas da história e tudo leva a crer que o resultado será surpreendente. Um cenário bem provável é o candidato republicano Mitt Romney vencendo no voto popular, mas o presidente Barack Obama sendo eleito por conseguir mais números no colégio eleitoral.



A eleição não é definida pelo maior número de votos populares, como no Brasil. Cada um dos 50 estados tem um determinado número de votos no colégio eleitoral. Os mais populosos têm mais votos: Califórnia com 55, Texas com 38, New York com 29, Florida com 29, e assim por diante, até os menos populosos, como Montana, com apenas 3. O candidato que tiver mais votos populares em um estado leva todos os votos do colégio eleitoral, mesmo se tiver apenas um voto a mais que o outo naquele estado. Quem atingir 270 está eleito.

Os democratas tradicionalmente vencem na Califórnia e New York, mas os republicanos têm supremacia em estados do sul, como o Texas. Com isso, a maior parte da votação é um jogo de cartas marcadas. Cada um sabe mais ou menos quais estados vai levar. Alabama sempre será republicano, assim como Oregon sempre será democrata.

A eleição neste ponto depende de alguns estados que não têm um lado definido, que mudaram de republicano para democrata ou vice-versa em eleições recentes. São os chamados swing states. É nesses estados que Obama e Romney estão concentrando comícios, anúncios na TV e esforços de voluntários. Afinal de contas, ganhar os 18 votos de Ohio ou os 20 da Pennsylvania pode selar a eleição.

As últimas pesquisas apontam Romney ligeiramente na frente de Obama no cenário nacional. Isso indica que ele pode vencer no voto popular. Mas Obama tem garantido alguns dos estados com maior número de votos no colégio eleitoral, como a Califórnia, New York, Illinois e Michigan. Ele também lidera as pesquisas nos principais swing states, como Ohio e Pennsylvania. Por isso, o presidente está mais perto do mágico número 270 do que Romney.

Propostas

A crise de setembro de 2008 explodiu nos EUA e causou estragos imensos no mercado imobiliário e na geração de empregos. Obama foi eleito em um momento de ira nacional em relação à gestão republicana de George W. Bush. Primeiro presidente negro, ele pregava a mudança e a esperança. As pessoas esperavam uma presidência histórica, como a de Abraham Lincoln ou Franklin Roosevelt, que superaram grandes crises nacionais.

Obama queimou todo seu capital político em uma questão que dividiu o país: a universalização do serviço de saúde. Milhões não tinham acesso a plano de saúde e os democratas lutavam por isso há décadas. Bem ou mal, agora pessoas mais carentes terão mais facilidade para ter cobertura médica. Mas a batalha custou caro ao presidente. O Congresso se tornou mais radical, boa parte da população considera o Obamacare (como o plano ficou conhecido) uma imposição e diversos estados tentam reverter o resultado na Justiça.

Enquanto isso, os resultados na geração de empregos não foram impressionantes. O presidente conseguiu um pacote de estímulo do tamanho do PIB da Argentina para impulsionar a economia e injetou dinheiro em grandes indústrias automobilísticas para salvar empresas. Mas a taxa de desemprego ficou acima dos 8% na maior parte da gestão de Obama. A China desacelerou seu crescimento e a Europa enfrenta sua maior crise desde a criação do euro, com efeitos desastrosos na economia americana.

A proposta do presidente é continuar estimulando a economia via governo. Ele afirma que suas políticas não tiveram tempo para surtir efeitos e que quatro anos é muito pouco para arrumar a bagunça causada pela crise de 2008. Mas a maior parte das pessoas quer culpar alguém pelo emprego perdido ou pelos negócios mornos. E então viram os olhos para o homem sentado no Salão Oval.

Esta ladainha é basicamente a campanha inteira de Mitt Romney. Ele repete que o presidente falhou, que suas políticas atrapalharam mais do que ajudaram e que os EUA poderiam estar bem melhores se o governo tivesse deixado as coisas acontecer sem sua intervenção.

Multimilionário do mercado de capitais, Romney afirma saber como gerir grandes somas de dinheiro e que economia é o negócio dele. Mas até o momento, seu plano de governo é vago, sem pontos específicos e como temas preocupantes, como a promessa de declarar guerra comercial à China no primeiro dia do mandato.

Depois de meses, Romney continua sendo uma figura sem carisma, basicamente atraindo os votos de que não quer que Obama vença. Em uma declaração infeliz, sem saber que estava sendo filmado, Romney afirmou que 47% dos americanos não pagam impostos, dependem do governo, gostam de se fazer de vítima e que ele não está preocupado com essa gente.

O presidente Obama se concentrou em pintar Romney como um capitalista inescrupuloso, distante da classe média e sem a sensibilidade necessária para gerir os EUA.

Ninguém pode prever com segurança quem será eleito na próxima semana. O resultado será definido em detalhes, em estados que nem sempre aparecem no noticiário e por pessoas que depois de tanta confusão e reviravolta, continuam indecisas.

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